domingo, 1 de maio de 2011

As belezas que ficam entre o Seridó e o Vale do Açu e as trilhas em direção às águas do sertão


Por Tádzio França - Repórter











O Cânion dos Apertados, no Seridó, é local ideal para rapel
foto divulgação
O interior potiguar está vivendo sua “alta estação”. O período chuvoso que vai de março a junho é época de boas notícias para o sertanejo, e também de oportunidades redobradas para se apreciar as belezas que ficam entre o Seridó e o Vale do Açu. Lugares de altas temperaturas, chuvas esporádicas e vegetações rasteiras que também possuem alguns dos recantos naturais mais bonitos do estado. O Seridó, em especial, já explora devidamente o seu potencial turístico e conta com uma eficiente infra-estrutura para receber os muitos visitantes. O chamado ‘roteiro das águas’ é uma referência que pode dar origem a várias outras. Rotas para se admirar, não faltam.

A beleza rústica e peculiar do Seridó é bem distribuída entre os nove municípios do semi-árido. Vários caminhos que cruzam, cada qual com seus atrativos, e que inspiram muitos roteiros. “O Seridó me surpreende a cada vez que vou por lá, sempre descubro algo que não tinha visto antes”, afirma Gilson Bezerra, responsável pela agência Pé na Estrada Trilhas, especializada em turismo ecológico e de aventura. Para ele, esta é uma das melhoras épocas para se conhecer a região; ocasião em que a vegetação está verde como nunca, e os pássaros estão mais presentes no cenário rochoso.

Conhecedor e estudioso da região, Gilson insere nos roteiros da agência os seus próprios roteiros favoritos. Ele sugere um começo pelo Cânion dos Apertados, em Currais Novos, ao pé da Serra do Chapéu. “Ele foi formado em milhares de anos; o rio cavou a rocha e formou diversas piscinas naturais de granito. Pra mim é o ponto alto da região, de uma beleza indescritível”, afirma. A rota segue pelos sítios arqueológicos de Carnaúba dos Dantas; a Serra do Boqueirão, em Parelhas, que favorece off-roads 4x4, e onde há um poço com mais de 50 metros de profundidade, chamado de ‘Poço da Princesa’ pela população local.

Gilson também destaca Acari, e os seus programas na terra e na água. O carro-chefe para muita gente é o passeio de barco no Açude Gargalheiras, um dos cartões postais do estado; para quem prefere emoções mais fortes, a dica é o rapel na Serra do Pai Pedro – o local foi destaque recentemente no programa da apresentadora Ana Maria Braga, na Rede Globo. A Pé na Estrada está com dois pacotes para o Seridó em maio: dias 14 e 15, e 28 e 29 – este, incluindo o Festival de Inverno de Cerro-Corá. O roteiro, ressalta ele, permite que o participante conheça não só o patrimônio natural, mas também o cultural e o gastronômico da região. “O seridoense é um povo muito acolhedor, sempre nos recebe muito bem. Nossos roteiros têm base totalmente local, as comunidade se envolvem e há uma troca cultural muito boa”, diz.

O potencial turístico do seridó é evidente, e vem recebendo a devida roteirização para os crescentes interessados. O Sebrae aprofundou os trabalhos na região desde 2005, e criou o site ‘roteiroserido.com.br’, um guia completo e profundo sobre a região, com textos sobre história, cultura, agendas, atrações, e serviços de hospedagem e gastronomia. “Houve interesse do Ministério do Turismo em revitalizar a área, e o Seridó se destacou como um ponto a ser trabalhado. Além dos roteiros, fizemos capacitação de pessoal em várias áreas”, diz Yves Guerra, analista técnico do Sebrae no Seridó.

O roteiro básico para quem quer começar a conhecer o Seridó, conforme Yves Guerra, inclui o complexo turístico da Mina Brejuí, em Currais Novos, com seu museu mineral; o Açude Gargalheiras, que possibilita várias atividades radicais; Caicó e sua gastronomia saborosa e seus bordados, e também os sítios arqueológicos de Carnaúba dos Dantas, que estão recebendo investimentos em estrutura de acessibilidade. “Acredito que será o futuro carro-chefe do turismo na região”, afirma.

O Vale do Açu é outra área de belezas que são ressaltadas pelo inverno – apesar de não dispôr do mesmo aparato turístico do Seridó. Gilson Bezerra já destacou em seus roteiros, pontos como a Barragem Armando Ribeiro, em Itajá. “Quando ela sangra, forma muitas cachoeiras; pode-se fazer passeios de barcos, e comer peixes como tilápia e tucunaré nos restaurantes que ficam à margem da barragem”, diz. Outro ponto é a Lagoa do Piató, em Assu. “É um lugar de muitas lendas, e tem uma pitoresca comunidade de pescadores em volta”, ressalta. Gilson também destaca o Pico do Cabugi, ideal para quem curte as escaladas mais radicais. Mas também há um momento de contemplação: através dele, pode-se ver as dunas de Galinhos.

Aos que preferem conhecer o Seridó com maior comodidade, as agências convencionais de turismo já vêem a região com mais interesse. A Pedrassoli, por exemplo, trabalha com duas opções. O mais rápido é o pacote ‘Roteiro das Águas’, feito num domingo, com visitas aos açudes, almoço em Caicó, e retorno a Natal. É feito para grupos de no mínimo quatro pessoas, em van ou micro-ônibus. “É o favorito dos natalenses”, diz o proprietário Rubem Pedrassoli. A partir de agosto é oferecido um pacote com mais opções, passeios, e visitas mais aprofundadas à região. “Este é um dos mais procurados por turistas europeus e brasileiros. Fazemos na época de seca, pois a região fica mais acessível para passeios e atividades radicais”, diz, confirmando que o Seridó, com suas águas, pedras e cultura, é opção cada vez mais desejada para viajar.

Serviço: Pé na Estrada Trilhas. Tel.: 8804-6505/9945-5701.
Pedrassoli Turismo. Tel.: 3082-8652.
Na internet

Fonte http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/trilha-em-direcao-as-aguas-do-sertao/179786